Pressão alta é doença traiçoeira. Quando os sintomas aparecem, a doença está instalada há muito tempo e já comprometeu o funcionamento de vários órgãos.
Para se ter uma idéia, 20% da população brasileira e metade das pessoas acima dos 65 anos sofrem de hipertensão arterial.
Embora menos prevalente do que nos adultos, a doença também pode se manifestar na infância.
Medir a pressão pelo menos uma vez por ano é geralmente a única maneira de estabelecer um diagnóstico precoce.
Considera-se que uma pessoa é hipertensa se os níveis da pressão arterial forem iguais ou superiores a 14/9. Nos casos de hipertensão leve (14,5/9, por exemplo), mudanças no estilo de vida podem contornar o problema. Emagrecer, não abusar do álcool e do sal de cozinha, fazer esportes, caminhar, evitar situações estressantes, não fumar são dicas importantes para quem precisa controlar a pressão.
Muitos pacientes, porém, apesar da boa vontade, nem sempre conseguem atingir o objetivo proposto e precisam tomar remédios todos os dias até o fim da vida para controlar a pressão arterial.
Se a pressão se mantiver alta, os principais problemas são:
- doenças cardiovasculares cerebrais – O acidente vascular cerebral ou derrame cerebral ocorre porque a pressão do sangue rompe pequenas artérias do cérebro (AVC hemorrágico) ou porque a pressão vai deteriorando as artérias terminais que entopem e interrompem o fluxo sangüíneo (AVC isquêmico).
- doenças cardiovasculares cardíacas – o coração torna-se musculoso, resultado do esforço maior para bombear o sangue diante da resistência oferecida pela circulação periférica. É como um esguicho com a ponta fechada que se dilata com a força da água. Para piorar a situação, as coronárias não acompanham o coração nesse crescimento. Músculo aumentado consome mais oxigênio. Resultado: alto consumo e baixa oferta de oxigênio. Esse descompasso faz com que o coração sofra progressivamente até entrar em falência porque não consegue bombear o sangue de forma adequada e dilata. Coração inchado é sinal de hipertensão antiga e não tratada.
- complicações oculares – os vasos da retina são muito finos e delicados e a hipertensão pode fazer com que se rompam ou entupam provocando a perda da visão. Quando a pressão sobe rapidamente, isto é, durante a crise hipertensiva, há uma alteração visual aguda provocada pelo inchaço do nervo que conduz os estímulos visuais. Se a doença for crônica, porém, ao longo dos anos a ocorrência sistemática de pequenas hemorragias ou entupimentos na retina pode passar despercebida porque o paciente se adapta à perda paulatina da visão.
- renais e impotência sexual – urinar bastante não quer dizer que os rins estejam funcionando adequadamente. A pressão alta, além de exercer efeitos deletérios sobre os rins que vão perdendo a função a ponto de ser necessário recorrer à diálise, pode provocar também impotência sexual. A ereção depende da chegada do sangue ao pênis. Se ele não chega porque os vasos sangüíneos estão entupidos, a ereção não ocorre.
Tratamento
Remédios para hipertensão precisam ser tomados pela vida inteira. As doses, porém, podem precisar de ajuste de tempos em tempos, para mais ou para menos, dependendo das condições em que se encontra o paciente. A recomendação é que o hipertenso seja avaliado a cada seis meses para garantir a eficácia do tratamento.